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Obs. Interessante para aplicar em
aula sobre cultura, religião, antropologia, sociologia, ética, etc.
Exemplo introduzido pela
cinematografia para falar de um sonho. O sonho da cultura e do respeito à
diversidade cultural.
Schlomo, personagem que é tido
por “louco” e que ao final revela-se um presidiário do regime nazista, deixa se
imaginar num sonho de liberdade. Ele inicia o filme dizendo: “(...) Ele
permitiu (...)”. E divaga com uma narrativa que parece ir longe, até ser
interceptado pelo Rabi que pede ao mesmo para contar sobre os “le nazist” (...)
mas ele continua narrando em ficção.
A narrativa ficcional se adianta
e ante a ameaça nazista que se aproxima do vilarejo judaico, Schlomo fala da
ideia do trem. Ele diz: “deportaríamos as vacas, os gansos, as crianças (...” e
confirma: “as crianças somos nós”. Talvez no sentido de definir que a narrativa
do filme fica por conta da imaginação e da memória.
“Um dia viajaremos para um espaço
além do céu (...) o espaço está no coração”
“Vamos procurá-lo em outro lugar”.
Schlomo é mais um visionário.
O Rabi quando interceptado por
uma mãe pedindo silêncio na reunião para não acordar as crianças, afirma: “Como
poderemos pensar sem falar?”
Shtetl (cidadezinha em iídiche) -
Kosher (apto) Ex. a comida judaica tem
que ser kosher...
“Não é justo que uns nasçam
pobres e outros ricos” (alguém comentando Marx). Devagar, devagar, se vai
longe.
O primo do Rabi que vem para
ensinar o alemão diz: “o alemão é uma língua austera, Mordechai, concisa e
triste. O ídiche é uma paródia do alemão mas tem humor; então para falar bem o
alemão e perder o sotaque, é preciso retirar o humor. Só isso”.
O filme revela uma experiência de
deslocamento constante, quebra de fronteiras culturais, hibridismo. Os
personagens são sujeitos em deslocamento, não só no sentido físico da palavra,
mas também no sentido cultural. São os elementos religiosos os mais lembrados
quando se pensa em partir, (Os animais para o sacrifício, o material do altar
etc.)
O maquinista não tinha
experiência, mas tinha “um sonho e esperança de um espaço maior”
Aproxima-se o Shabat e o trem
precisa parar para a comemoração. O “filhinho” pergunta para sua mãe se a terra
para onde estão indo é santa. A reposta materna é fantástica: “Uma terra pode
ser santa em qualquer lugar”.
Durante a comemoração do Shabat o
Rabi questiona o “comandante e os soldados” fictícios, por não tirarem os
quepes e recebe uma resposta negativa – O deslocamento cultural religioso é em
função do perigo. Neste momento os judeus estão sendo observados por um grupo
de ciganos também judaicos. Alguém se antecipa na comida e gera uma grande
discussão que envolve questões de religião, ética e moral judaica. Quem a
interrompe é Schlomo que diz: “Se Deus existe ou não, que diferença faz? já se
perguntaram se nós existimos? - O homem inventou Deus e a Bíblia...”.
Ao final, o encontro com os
ciganos transforma a história daquele trem, que ao atravessar a fronteira com a
Rússia, já celebrava transformações e deslocamentos culturais no elemento
festivo da diversidade.
O filme encerra com Schlomo
celebrando musicalmente suas memórias e o sonho da liberdade, tão almejada,
permanece por conta do imaginário.
(Jailson Estevão dos Santos - vepjeste@gmail.com)