domingo, 29 de dezembro de 2013

Vigilância por excelência



Um vigilante como qualquer outro trabalhador tem direitos, garantidos por lei, ao seu tempo de descanso. Porém isso ocorre na dimensão terrena.  Conforme o registro bíblico de Jer. 1.11,12 Deus se apresenta na figura de um vigilante incansável com o objetivo de velar por sua Palavra. Ali é suscitada a figura de uma amendoeira (no hebraico shãqedh - despertadora).  É isso que o profeta vê, e Deus prontamente intercepta dizendo: vistes bem porque eu vigio (do hebraico shõqed) por minha palavra para a cumprir.
O jogo de palavras lembra-nos quão prontamente Deus cumpre as suas promessas no tempo certo. A amendoeira é tomada como um exemplo porque é precisa como a primeira árvore frutífera a brotar na primavera naquela região, e, além disso, suas qualidades terapêuticas são bastante poderosas. Da mesma forma como ela aguarda o seu tempo, não falha e cumpre o seu papel, assim Deus age em relação ao seu povo.
Essa é uma das tantas maneiras de Deus agir. O salmista vislumbrou isso e cantou: “Eis que não cochila nem dorme o guarda de Israel” (Sl. 121.4), e em sua oração o profeta Isaías ousou afirmar: “Desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aqueles que nele esperam.” (Is 64.4)
Permita Deus que em 2014 possamos nos lembrar da visão do profeta Jeremias. E que a nossa fé seja alimentada na certeza do cuidado divino: constante, certo e definido.
Esta é minha oração e o meu desejo a todos.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

NATAL TEMPO DE ESPERANÇA

Tempo de esperança, tempo de paz, de amor, de reconstrução, de vida, de perdão, de doação, de reconciliação. Tempo de aceitação da mensagem divina.
Tempo de reunião: da Igreja, da família, das comunidades das instituições, que refletem sobre a vida, os trabalhos, seus resultados e suas perspectivas, sempre com o pensamento voltado para o bem.
Como é bonito o Natal! Embora tantos não o entendam, tantos desviem o âmago de sua proclamação e celebração, permitindo que tanto mercantilismo ofusque o seu verdadeiro brilho. Ainda assim, pode-se dizer, ele é lindo! Pois ele fala do ser mais lindo deste mundo. Jesus.
É tempo de louvar, como os registros sagrados preconizam. Cantar a visita de Deus, a redenção de seus filhos e a salvação, grande e poderosa (Lc 1.69), instrumento da força que abate o pecado - inimigo feroz, e anula as acusações que tentam destruir a alegria dos eleitos. Louvamos a Deus pelo natal, pois nele descortinamos o seu olhar de amor a um povo, apesar de suas fraquezas mil.
Que os milhares de desejos expressos nos cartões de natal sejam autênticos. Especialmente a união, a misericórdia e a paz. Que a luz de Cristo ilumine os nossos corações e com ela possamos enxergar um pouco mais além, os que vivem nas trevas da ignorância para que de alguma maneira, essa luz possa raiar a eles.
É também tempo de pensar no próximo de repartir o muito que nos sobra. Neste natal, ao reunirmos a família em torno da ceia, devemos cuidar para que junto com a nossa alegria não esbanjemos incredulidade esquecendo nosso semelhante. Seja a nossa oração: de gratidão, de intercessão, sobretudo de amor.
“Natal começa no coração de Deus e se completa quando atinge o coração do ser humano”.
Muitas felicidades e feliz ano novo a todos!

sábado, 10 de agosto de 2013

TREM DA VIDA – O FILME (Resenha)

Fonte: imagem
         Trem da vida, de Radu Mihaileanu - Romênia/França, 1998 - que trata da questão da cultura e das imbricações linguísticas no jogo de poder.
Obs. Interessante para aplicar em aula sobre cultura, religião, antropologia, sociologia, ética, etc.
Exemplo introduzido pela cinematografia para falar de um sonho. O sonho da cultura e do respeito à diversidade cultural.
Schlomo, personagem que é tido por “louco” e que ao final revela-se um presidiário do regime nazista, deixa se imaginar num sonho de liberdade. Ele inicia o filme dizendo: “(...) Ele permitiu (...)”. E divaga com uma narrativa que parece ir longe, até ser interceptado pelo Rabi que pede ao mesmo para contar sobre os “le nazist” (...) mas ele continua narrando em ficção.
A narrativa ficcional se adianta e ante a ameaça nazista que se aproxima do vilarejo judaico, Schlomo fala da ideia do trem. Ele diz: “deportaríamos as vacas, os gansos, as crianças (...” e confirma: “as crianças somos nós”. Talvez no sentido de definir que a narrativa do filme fica por conta da imaginação e da memória.
“Um dia viajaremos para um espaço além do céu (...) o espaço está no coração”
“Vamos procurá-lo em outro lugar”. Schlomo é mais um visionário.
O Rabi quando interceptado por uma mãe pedindo silêncio na reunião para não acordar as crianças, afirma: “Como poderemos pensar sem falar?”
Shtetl (cidadezinha em iídiche) -  Kosher (apto) Ex. a comida judaica tem que ser kosher...
“Não é justo que uns nasçam pobres e outros ricos” (alguém comentando Marx). Devagar, devagar, se vai longe.
O primo do Rabi que vem para ensinar o alemão diz: “o alemão é uma língua austera, Mordechai, concisa e triste. O ídiche é uma paródia do alemão mas tem humor; então para falar bem o alemão e perder o sotaque, é preciso retirar o humor. Só isso”.
O filme revela uma experiência de deslocamento constante, quebra de fronteiras culturais, hibridismo. Os personagens são sujeitos em deslocamento, não só no sentido físico da palavra, mas também no sentido cultural. São os elementos religiosos os mais lembrados quando se pensa em partir, (Os animais para o sacrifício, o material do altar etc.)
O maquinista não tinha experiência, mas tinha “um sonho e esperança de um espaço maior”
Aproxima-se o Shabat e o trem precisa parar para a comemoração. O “filhinho” pergunta para sua mãe se a terra para onde estão indo é santa. A reposta materna é fantástica: “Uma terra pode ser santa em qualquer lugar”.
Durante a comemoração do Shabat o Rabi questiona o “comandante e os soldados” fictícios, por não tirarem os quepes e recebe uma resposta negativa – O deslocamento cultural religioso é em função do perigo. Neste momento os judeus estão sendo observados por um grupo de ciganos também judaicos. Alguém se antecipa na comida e gera uma grande discussão que envolve questões de religião, ética e moral judaica. Quem a interrompe é Schlomo que diz: “Se Deus existe ou não, que diferença faz? já se perguntaram se nós existimos? - O homem inventou Deus e a Bíblia...”.
Ao final, o encontro com os ciganos transforma a história daquele trem, que ao atravessar a fronteira com a Rússia, já celebrava transformações e deslocamentos culturais no elemento festivo da diversidade.
O filme encerra com Schlomo celebrando musicalmente suas memórias e o sonho da liberdade, tão almejada, permanece por conta do imaginário.
                                                                 (Jailson Estevão dos Santos - vepjeste@gmail.com)

quarta-feira, 3 de julho de 2013

SABEMOS ESCREVER?



Se não temos uma resposta, busquemos quem a tem.
O texto é de Clarice Lispector após tantas experiências em escrever.
E eu que já pensei um dia que também sabia... soube... soubera... Saberei?
Deixemos que ela fale. Afinal, é grande o seu legado em transposições sintático-semânticas.

"Como é que se escreve?  (30/11/1968)

Quando não estou escrevendo, eu simplesmente não sei como se escreve. E se não soasse infantil e falsa a pergunta das mais sinceras, eu escolheria um amigo escritor e lhe perguntaria: como é que se escreve?
Por que, realmente como é que se escreve?  que é que se diz? e como dizer? e como é que se começa? e que é que se faz com o papel em branco nos defrontando tranquilo?
Sei que a resposta, por mais que intrigue, é a única: escrevendo. Sou a pessoa que mais se surpreende de escrever. E ainda não me habituei a que me chamem de escritora. Porque, fora das horas em que escrevo, não sei absolutamente escrever. Será que escrever não é um ofício? Não há aprendizagem, então? O que é? Só me considerarei escritora no dia em que eu disser: sei como se escreve."

LISPECTOR, Clarice. Pequenas descobertas do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Namorar: Um ato que internaliza amor e comunicação



“Namorar”, palavra interessante.  O ato em si é melhor que o signo linguístico.

  A palavra (namorar), tem mais profundidade exegética que o aspecto semântico que se lhe atribui. Amor, paixão, relacionamento, desejo, atração, ficar, flertar, paquerar, etc. São tantas significações, e nenhuma delas exprimem um sentido real. É melhor pensar o termo a partir de “enamorar” para que o mesmo possa se adequar à seguinte etimologia: EN+AM+ORAR. Ou seja, o namoro é um projeto que internaliza amor e fala. É um projeto de amizade que se efetiva no diálogo. Assim, embora associemos o namoro às coisas do relacionamento lírico-amoroso entre os seres humanos, linguisticamente todos ficam enamorados quando envolvidos num verdadeiro sentimento de amor e paixão que se efetive dialogicamente no princípio do respeito e mutualidade, por alguém ou alguma causa.

            É, contudo, no relacionamento prático que namorar faz bem e faz diferença. O Ego precisa sempre se colocar como alter para banir o alienus. Os enamorados, amam, partilham, compreendem, sussurram (não gritam), e se comunicam. Há um frenesi nisso. Quantas loucuras se fundam no relaxamento da comunicação!

            Por isso mesmo é que o sábio Salomão colocou entre as “maravilhas” do mundo e ainda como algo como que inexplicável, o “caminho do homem com uma virgem”, preconizando a beleza de um relacionamento amoroso.

            Mais que olhar, paixão, contato e lirismo, os enamorados se atraem, partilham, amam, e, sobretudo, são práticos na comunhão, pois se comunicam e se comunicar é pôr uma comunhão em ação.

            Feliz dia dos namorados a todos!!!!!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

CREDO PARA A SANTA CEIA



Uma Eucaristia para vida
“E a nossa comunhão é com o pai e com o seu filho Jesus”.

Creio que a Santa Ceia é um meio de graça porque foi instituída por Cristo.
Creio na sua eficácia porque Jesus se faz presente na minha fé.
Creio que os elementos pão e vinho, simbolizam verdadeiramente o corpo de Cristo, pois ele mesmo proferiu este ensinamento.
Creio que ela representa a comunhão do corpo de Cristo projetada na relação com Deus e com sua Igreja.
Creio que a Santa Ceia é uma pregação escatológica, pois ela nos convida à esperança da parousia.
Creio que a última Páscoa foi realizada de maneira objetiva na Cruz e na ressurreição de Cristo. Ele nos passou definitivamente à vida.
Por isso creio também que a Santa Ceia é a celebração da vida, da nova vida no Cristo vivo, pois Ele venceu a morte.
Creio que, participando da Santa Ceia, professo a minha fé no salvador Jesus.
E creio ainda que seguirei a minha vida até o fim, celebrando a Ceia do Senhor, como prova de minha ardente fé no cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo – Jesus.
Creio que a Igreja, como noiva ataviada, se prepara para as bodas do reino celestial, nova comunhão, presença real de Cristo.
Portanto, enquanto vivo estiver, e com gratidão a Deus, ofertarei sempre a minha vida para que seja a expressão solene de minha participação ativa no seu corpo vivo no mundo – UMA CONSTANTE CELEBRAÇÃO DA SANTA CEIA. Páscoa pra a vida abundante, bem-aventurança dos chamados às bodas do cordeiro.
Por tudo isto, creio também, na felicidade eterna dos crentes, que mesmo em meio às benesses temporais, renegam o mundo para viver e afirmar pela vida e pela palavra, sua autêntica comunhão com o Reino de Deus em Cristo Jesus, pela força santificadora de seu Espírito.
                                                              (Jailson Estevão dos Santos)