No dia trinta e um de outubro os crentes
em Cristo, celebram o aniversário de um dos marcos mais importante dos últimos
tempos: A Reforma Protestante do Séc. XVI, que agora (2017) completa 500 anos.
Os Protestantes[1], como
assim foram chamados os que aderiram à interpretação dos reformadores, hoje
representados por diversos segmentos evangélicos, creem na Bíblia como única
regra de fé e prática e amparam-se nos postulados que sustentam os ideais da
própria Reforma: *Sola Gratia - "Somente a Graça", ou a única
causa eficiente da salvação; * Sola Fide - "Somente a Fé", ou
a exclusividade da Fé como meio de Justificação; *Sola Scriptura -
"Somente a Escritura", ou a autoridade e suficiência das Escrituras;
*Solus Christus - "Somente Cristo", ou a suficiência e
exclusividade de Cristo. *Soli Deo Gloria - "A Deus somente, a
glória", ou a exclusividade do serviço e da adoração a Deus. Estes
fundamentos contrariam desvios doutrinários absurdos, os quais já haviam sido
determinados por bulas papais, como era o caso da venda de indulgências.
(Bettensson, p. 228).
São essas as bases que identificam uma
Igreja como sendo realmente reformada e evangélica. Significa que aquele
movimento trouxe a Igreja de volta à Bíblia, e abriu portas para a liberdade de
expressão. A repercussão disso se deu tanto no campo eclesiástico, como na cosmo
visão científica e sócio-intelectual. O Calvinismo, por exemplo, “não se deteve
numa ordem eclesiástica, porém expandiu-se em um sistema de vida”. (Kuyper, p.
180). As universidades sempre reconheceram a importância da Reforma na história
do mundo.
Por essas bases supracitadas, vê-se, também, que
precisamos de uma nova Reforma no seio da Igreja. Católicos insistem em não
abrir mão da tradição e idolatria, e por incrível que pareça, alguns segmentos
ditos “evangélicos”, surgiram com comportamento de seita, preconizando
misticismo e afrontas ao ser de Deus e a todos os seus atributos. Hoje, é bem
verdade, ainda precisamos muito não só de uma, mas de várias Reformas.
Mesmo sabendo que o Evangelho tem sido
pregado, que a Igreja teve o seu momento de retorno à Bíblia como revelação
divina, a humanidade pecadora tem dificuldades de assumir uma postura de
arrependimento, e o pecado continua a dominar o coração do homem. Penso que a
Igreja tem esquecido o contexto religioso pagão em que viveu naqueles séculos
de trevas, no qual o seu testemunho de fé exerceu forte influência, ainda que a
preço de vidas. Hoje em algumas situações os mega eventos, os cultos shows e os
interesses pessoais, tem tomado o lugar da Palavra de Deus. Se alguns líderes
não se levantam mais, enfaticamente acusando o erro e apontando o caminho, é
quase certo que a situação espiritual do povo poderá até se tornar pior do que
era naqueles tempos de cegueira espiritual.
Porém, de nada adianta a gente viver de
nostalgia e passar a lamentar o enaltecimento de costumes errados que surgem em
detrimento de um movimento que foi uma verdadeira revolução[2]. Precisamos
mesmo erguer a nossa voz, destemidos, para que a Verdade reine e norteie os
rumos da Igreja de Cristo rumo à vida eterna.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. D’AUBÍGNÉ,
J. H. Merle. Casa Editora Presbiteriana, S/D São Paulo.
2. KUYPER,
Abraham. Calvinismo. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2003.
3. BETENSSON,
Henry. Documentos da Igreja Cristã. ASTE, São Paulo, 1967.
4. WALKER,M
Williston. História da Igreja Cristã. ASTE, São Paulo, 1967.
[1] A
Reforma não foi uma revolta, mas pode ser considerada uma revolução porque
operou uma mudança radical no mundo. “[...] o Cristianismo e a Reforma são as
duas maiores revoluções da história”. (D’aubígné pp. 06, 06)
[2] Os
golpes que desferiram contra Lutero foram, “porque a verdade que ele pregava
era muito prejudicial aos cofres da igreja e dos hereges”. D’aubígné p. 259)