ANTÍTIPO DE
SER (Jailson Estevão dos Santos)
Bem
aventurados os que choram
Porque
eles revelam o verdadeiro “Eu”
E
encontram nas lágrimas
A
evidência do sublime... do real.
Pois
mais do que fraqueza,
Chorar
é sinal de fortaleza
Felizes
os que das lágrimas se alimentam.
Bem aventurados os que choram
Porque
eles se tornam transparentes
Das
angústias desta vida terreal
Que
são ecos da luta renhida.
Só
os fortes choram
Só
os fracos disfarçam
Felizes
os que com lágrima reagem.
Bem
aventurados os que choram
Como
o fez o mestre dos mestres – Jesus:
Ante
as injustiças do homem
Incompreendendo
o profeta.
Ante
os túmulos da vida, signos da destruição.
É
elástica a visão dos que choram,
À
semelhança da sensibilidade do Cristo
Felizes
os que através das lágrimas sonham.
Bem aventurados os que choram
Não
o choro da emoção momentânea.
Não
o sentimento do sofrer alheio
Que
reclama por ações mais que emoções.
Nunca
a provocação da persuasão hipnótica
E
sim, a angústia de querer o bem lógico,
Felizes
os que derramam lágrimas do saber.
Bem aventurados os que choram
Pois
se conscientes, serão consolados,
Se
por sentimento, ao menos fortalecidos.
Mas
os que choram como artistas,
No
disfarce, fugitivos estão da lide.
Jamais
descansarão na verdade
Felizes
os que vivem as lágrimas da justiça.
Bem
aventurados os que choram
As
misérias sociais que campeiam.
A
pueril mortandade, e os vícios,
De
inocentes, filhos da pátria.
Alguns consolados no dever cumprido.
Outros na omissão destruídos.
Felizes
os que com lágrimas semeiam.
Bem aventurados os que choram,
Porque
voltarão com júbilo trazendo frutos.
E
mesmo que o clamor não seja ouvido
Cada
lágrima ao chão produzirá seu ruído
E
o choro terá o seu galardão,
E
o sonho não será só visão,
E
serão felizes os que com lágrimas lutaram.