sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

ANTÍTIPO DE SER (Jailson Estevão dos Santos)

Bem aventurados os que choram
Porque eles revelam o verdadeiro “Eu”
E encontram nas lágrimas
A evidência do sublime... do real.
Pois mais do que fraqueza,
Chorar é sinal de fortaleza
Felizes os que das lágrimas se alimentam.

Bem aventurados os que choram
Porque eles se tornam transparentes
Das angústias desta vida terreal
Que são ecos da luta renhida.
Só os fortes choram
Só os fracos disfarçam
Felizes os que com lágrima reagem.
Bem aventurados os que choram
Como o fez o mestre dos mestres – Jesus:
Ante as injustiças do homem
Incompreendendo o profeta.
Ante os túmulos da vida, signos da destruição.
É elástica a visão dos que choram,
À semelhança da sensibilidade do Cristo
Felizes os que através das lágrimas sonham.

Bem aventurados os que choram
Não o choro da emoção momentânea.
Não o sentimento do sofrer alheio
Que reclama por ações mais que emoções.
Nunca a provocação da persuasão hipnótica
E sim, a angústia de querer o bem lógico,
Felizes os que derramam lágrimas do saber.

Bem aventurados os que choram
Pois se conscientes, serão consolados,
Se por sentimento, ao menos fortalecidos.
Mas os que choram como artistas,
No disfarce, fugitivos estão da lide.
Jamais descansarão na verdade
Felizes os que vivem as lágrimas da justiça.

Bem aventurados os que choram
As misérias sociais que campeiam.
A pueril mortandade, e os vícios,
De inocentes, filhos da pátria.

Alguns consolados no dever cumprido.
Outros na omissão destruídos.
Felizes os que com lágrimas semeiam.

Bem aventurados os que choram,
Porque voltarão com júbilo trazendo frutos.
E mesmo que o clamor não seja ouvido
Cada lágrima ao chão produzirá seu ruído
E o choro terá o seu galardão,
E o sonho não será só visão,
E serão felizes os que com lágrimas lutaram.